quinta-feira, 25/04/2024

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Executivos brasileiros são mais preocupados com sustentabilidade que a média global, diz pesquisa

A sustentabilidade é uma preocupação de líderes empresariais no mundo todo. Mas, entre os executivos brasileiros, as ações nessa área são vistas como uma forma de impulsionar os negócios e ganhar mercado, segundo uma pesquisa global da consultoria Russell Reynolds Associates obtida com exclusividade pelo Estadão.

De acordo com o estudo, 50% dos líderes de alto escalão das empresas no Brasil esperam que a sustentabilidade seja incorporada em toda a estratégia de negócios nos próximos cinco anos. A média de outros países é de 39%, o que coloca o Brasil entre os líderes da transição para negócios sustentáveis.

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Para realizar a pesquisa, a consultoria ouviu 9,5 mil executivos, funcionários e líderes empresariais de Brasil, EUA, Canadá, França, Alemanha, Espanha, Inglaterra, Austrália, México, Índia e China.

O Brasil se destaca entre as empresas que já têm estratégias de sustentabilidade em curso: 49% dos líderes do País afirmam que seu presidente executivo está pessoalmente comprometido com a agenda sustentável, e 50% disseram já ter adotado uma estratégia de sustentabilidade na empresa. A média global é de 43%.

“A gente vê um posicionamento muito peculiar no Brasil, e existe o potencial de fazer disso (a agenda sustentável) uma grande bandeira nossa (do País)”, diz Mariane Montana, consultora em ESG da Russell Reynolds Associates. ESG é a sigla em inglês para práticas ambientais, sociais e de governança.

Segundo a executiva, uma das explicações para o destaque do Brasil na pesquisa é o fato de a economia brasileira ser bastante ligada ao agronegócio. Na visão da especialista, isso faz com que os executivos do País tenham um olhar mais atento para a preservação dos recursos naturais. Os números mostram que líderes de países com uma diversidade ambiental menor têm uma preocupação inferior com a sustentabilidade.

A consultora ressalta ainda que, no Brasil, há também uma pressão dos novos profissionais, que são mais engajados em causas socioambientais, o que provoca uma mudança interna nas empresas. “Muitas pessoas veem (essa preocupação) como uma pressão social passageira, mas o fato é que essa geração está moldando o futuro dos negócios”, diz Mariane.

Flávia Lafraia, coordenadora da Comissão de Sustentabilidade do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), concorda que o Brasil está adiantado em relação aos demais países e isso ocorre porque as empresas vêm escutando mais o seu público de interesse. “Naturalmente, as empresas brasileiras levam em consideração os problemas e as oportunidades”, afirma.

Mercado

Segundo Mauro Mariz, diretor executivo de Gente e Sustentabilidade da Riachuelo, a sustentabilidade faz parte da estratégia de negócio de grandes empresas há muito tempo. Mas, recentemente, o tema vem ganhando tração também por uma imposição de mercado.

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“Cada vez mais as empresas direcionam seus investimentos para tecnologia, inovação, pesquisa e desenvolvimento, visando a mitigar impactos sociais e ambientais”, diz o executivo.

No grupo Natura & Co, as metas de desempenho socioambientais foram incorporadas aos programas de remuneração variável para mobilizar os executivos e funcionários.

Flavio Pesiguelo, vice-presidente de Pessoas e Cultura do grupo, destaca que as iniciativas que seguiram princípios sustentáveis permitiram que a companhia alcançasse alguns marcos, como ser pioneira na adoção de um refil reutilizável ainda em 1983. “A sustentabilidade é um habilitador-chave do nosso planejamento estratégico”, diz.

Longo caminho

O Grupo Boticário também trabalha com iniciativas de sustentabilidade pelo menos há mais de três décadas. Eduardo Fonseca, diretor de Assuntos Institucionais e ESG da companhia, afirma que as práticas na área são levadas a todos os níveis hierárquicos.

“Na alta governança, os aspectos ESG são monitorados pelo Comitê Executivo de Sustentabilidade e Diversidade, que se reporta ao Conselho Consultivo e define a estratégia de integração desses aspectos no modelo de negócios do grupo”, diz. Por Shagaly Ferreira, Estadão, 16 mar 2022.

Crédito da imagem: Divulgação 

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