sexta-feira, 19/04/2024

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O necessário crescimento das frotas sustentáveis

Por Sérgio Maia

Acredite: tornar a frota sustentável é requisito essencial para preparar a empresa para encarar as dificuldades e continuar crescendo no mercado, em busca demelhores resultados. Mas, se você pensa que aderir a uma política ambiental é coisa para grandes empresas, que isso está longe da sua realidade, chegou a hora de rever seus conceitos.

Na visão das transportadoras, quanto mais combustível e peças seu veículo gasta, menores serão os seus lucros e resultados.

Os veículos sustentáveis, que estão surgindo, possuem características especiais que proporcionam menor desgaste das peças, redução do consumo de combustível. Além disso, a busca pela diminuição da queima de combustível e da consequente emissão de gases na atmosfera é um posicionamento eco-friendly, de apoio à conservação do meio ambiente e adoção de práticas sustentáveis com visão de futuro. Veículos sustentáveis de carga podem ser movidos a hidrogênio, bateria, bio-GNL (Gás Natural Liquefeito), ou FCEV (Células de combustível). A Iveco, por exemplo, conforme entrevista do seu presidente Márcio Querichelli na edição 35 da Revista Transporte Mundial, comentou que a companhia em parceria com a Nikola líder no mercado de caminhões movidos a célula de combustível, já estão testando projetos de  construção de veículos pesados movidos a hidrogênio e também a bateria, por enquanto na Europa e sem data de chegada ao Brasil.

Uma novidade é que o mercado, inclusive, está pagando mais caro nos fretes cujas práticas dos frotistas são sustentáveis –  que operam com veículos elétricos ou com combustíveis verdes, indiferentemente do porte da transportadora ou da empresa de logística, por exemplo.

Além disso, veículos sustentáveis já estão começando a ter prioridades nas agendas de descarga nas grandes centrais de abastecimento, assim como tendo mais poder de barganha nas negociações de renovação de contratos, onde os clientes, já começam a alongar mais os prazos de contrato de frotas que usam esses veículos. Assim, estão incentivando os transportadores a entrarem nesse mercado, mesmo que para isso o custo seja um pouco maior, pois o ganho para o meio ambiente, sociedade e o valor agregado às empresas compensa.

É crescente a quantidade de consumidores mais exigentes, que buscam por empresas que possuam essas boas práticas. Como exemplo, a Vivo já declarou, recentemente, em matéria no LinkedIn de julho.21, que a empresa quer redução das emissões de CO2 de fornecedores e transportadoras até 2040. Motivada em promover mais impactos positivos em prol do meio ambiente, a Vivo declarou, também, que quer neutralizar as emissões de carbono de toda a sua frota e corroborar para tornar-se uma empresa “net zero” em todas as suas pontas, reduzindo os danos negativos promovidos pelas mudanças climáticas. A operadora tem metas de diminuir em 39% as emissões na cadeia de valor até 2025, o que já é um grande passo.

A tendência de aumento, por exemplo de carros elétricos, é crescente, inclusive em breve esses veículos ficarão mais baratos, pelo aumento de demanda no mercado e melhorias na tecnologia dessas frotas. Segundo pesquisa americana divulgada na Revista Quatro Rodas de Jun.21, até 2027, os carros elétricos serão mais baratos do que os movidos a combustão. Contamos com essa previsão também para o Brasil.

Conforme pesquisa global da Logistics Performance Index – LPI (dados informados na edição de junho 2021 da Revista Mundo Logística – ferramenta de benchmarking de eficiência logística entre países), na América do Sul, a idade média dos caminhões gira em torno de 14 a 21 anos, o que onera muito o custo do transporte. Já na América do Norte, mais especificamente nos EUA a idade média de caminhões e veículos de carga é de 7 anos, registrando assim uma vantagem competitiva e redução nos custos transporte. Conforme a mesma pesquisa, essa informação também nos faz refletir que os veículos a combustão, principalmente a diesel, poluem mais nas regiões da América do Sul, onde o desgaste das peças é maior, por tratar de veículos mais antigos. Logo, para que haja redução progressiva de custos de veículos de carga pelo uso gradativo de combustível sustentável, é necessária a renovação das frotas na América do Sul, principalmente no Brasil, com uso de novos motores com tração movida por energia limpa.

Não podemos deixar de registrar que no Brasil já se fabricam motores de caminhão como o padrão Euro V, para veículos movidos a diesel que regulam as emissões de gases, além do uso de Arla 32, misturado ao combustível, que prometem reduzir a emissão de gases poluentes em até 80%, contribuindo também com o meio ambiente.

Na Argentina foi disponibilizado o diesel com baixo teor de enxofre em postos de combustível de todo o país, o que também ajuda na redução da poluição e manutenção de melhores padrões para a sustentabilidade de frotas.

Por mais que você tome iniciativas para manter uma frota sustentável e uma política ambiental eficiente, não tem jeito: é crucial conscientizar sua equipe de motoristas. Afinal, a forma de dirigir também impacta o consumo. Invista, portanto, em capacitação e treinamento do time de condutores. Os motoristas também têm que ter cuidado com o alinhamento do veículo e a calibragem dos pneus, porque isso também ajuda a reduzir o consumo. Além disso, o tal do “pé pesado” com arrancadas bruscas, tanto é perigoso como faz o motor consumir mais combustível. Muitos consumidores já associam os produtos à essas práticas de direção e escolhas sustentáveis e seguras.

Curiosamente, devido aos riscos das estradas, greves e roubos de carga, estamos testemunhando uma redução no quantitativo de profissionais interessados em trabalhar como motoristas, não só no Brasil, mas, também, nos Estados Unidos onde essa é uma realidade, conforme matéria Gestão de Fretes das Américas (Um comparativo entre países) da Revista Mundo Logística de junho de 2021.

A Uber quer se transformar em uma empresa sustentável de transporte urbano por aplicativo. Em setembro de 2020, a empresa assumiu o compromisso de que, até 2040, todas as viagens feitas por intermédio da plataforma sejam em veículos elétricos e anunciou o projeto Uber Greeen.

Mercado Livre, Ambev, Magalu, B2W (Americanas.com) são exemplo de empresas que já iniciaram a migração de suas frotas próprias e terceirizadas para veículos sustentáveis, inclusive carretas, além dos VUC´s (veículos urbanos de carga).

Em 2020, houve um aumento de 66,5% nas vendas de modelos eletrificados de automóveis no Brasil, em relação ao ano anterior, segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE). Diferentemente dos veículos convencionais, que dependem de combustíveis fósseis para funcionar, os Veículos Elétricos – EV operam a partir de baterias recarregáveis, de energia renovável.

Vantagens dos veículos sustentáveis: menos poluentes, mais silenciosos, mais eficientes e seguros, tem menor custo de abastecimento, menor custo tributário e menor custo de manutenção.

Apenas uma observação, os veículos híbridos são veículos com dois motores, um que funciona com combustível comum e outro elétrico, que funciona até determinada velocidade. Os chamados “puro sangue” sustentáveis, funcionam 100% com energia limpa, sem gerar poluição, exemplo do caminhão e-Delivery 11 e 14 da Volkswagen, que além de serem 100% elétricos, já são produzidos no Brasil e o BYD eT7 e o furgão eT3. A BYD é um fabricante de veículos elétricos que chegou no Brasil em 2015, sendo pioneira na produção de veículos 100% elétricos direcionados para coleta urbana e domiciliar.

Na aviação, no que depender da UA-United Airlines, daqui cinco anos, poderemos viajar em aviões elétricos — e a meta dos americanos é zerar as emissões de poluentes até 2050. Segundo a UA, já foram encomendadas 100 aeronaves ES-19, da startup sueca Heart Aerospace, que ainda está em fase de protótipo, mas que deve voar no fim de 2024. Por sua vez, a certificação está prevista para sair em 2026.

Para fechar, não poderíamos deixar de citar o avanço da adequação de ESG (Ambiental, Social e Governança) nas empresas, um mercado de 30 trilhões de dólares, conforme dados da Exame. Academy. O papel  das empresas hoje é muito mais amplo na sociedade, não apenas focada no seu crescimento e lucratividade. Então dando o recorte apenas no Ambiental do ESG, é importante entendermos que empresas que implantam e se preocupam “de verdade” com a sustentabilidade, são mais bem vistas e valorizadas por investidores, quando da avaliação e mensuração de riscos, nos momentos de realizar aportes de recursos, ou aquisição dessas empresas, bem como durante a venda de ações nas bolsas de valores.

Tudo isso está sendo repensados no mundo empresarial, do pequeno ao grande, então não deixe de analisar os impactos, a demanda e a possibilidade de migração para frotas sustentáveis, para que sua empresa não perca o espaço no mercado. Sérgio Maia, consultor e profissional de logística há 22 anos. [email protected]

Foto: veículo elétrico da Soluciona, associada Abralog

 

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