terça-feira, 16/04/2024

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Painel com especialistas encerra a XXV Conferência Nacional de Logística

O painel “Perspectivas e Tendências para o Setor da Logística” encerrou a 25ª edição da Conferência Nacional de Logística, realizada em meio à 26º edição da Intermodal South America, maior mostra de transporte, logística e comércio exterior da América do Sul. Um time de especialistas se revezou nos comentários.

Coordenado por Pedro Moreira, presidente da Abralog, o encontro teve a presença de Anaia Bandeira, diretora de Logística da Lojas Riachuelo; Leonardo Romano, diretor de Supply Chain da Natura & Co; Ricardo Ramos, gerente nacional de Transporte – Lojas Físicas e E-commerce do Carrefour; Ramon Alcaraz, CEO da JSL; e Marlos Tavares, CEO da G2L Logística.

O consenso entre os debatedores foi o da necessidade de unificação da agenda do setor para discutir soluções inovadoras em aspectos como  custos operacionais e sustentabilidade. Um dos principais interlocutores definido no encontro, foi o governo federal. Foco em pauta: eliminação do uso do papel (documentos) no transporte, e também a redução da emissão de CO², por meio de  novos tipos de combustível e tecnologias  inovadoras.

“A preocupação é saber como o setor privado pode organizar pautas em comum para estabelecer conversas com o governo, formalizar uma agenda comum”, afirmou Leonardo Romano, da Natura. Anaia Bandeira, da Riachuelo, completou: “É pensar em como nos unirmos para avançar mais, criar, em conjunto, um fluxo mais eficiente para questões, por exemplo, como a redução de emissão de CO² e o uso do papel no dia a dia”.

Segundo Marlos Tavares, CEO do operador logísticos G2L, é inacreditável o fato de se “criar uma logística tecnológica” e esbarrar na burocracia de papeis, na guarda e porte de canhotos e vistos. “Você investe forte e depois dá de frente com papel. Isso é insegurança jurídica no mundo dos negócios”, afirmou. Pedro Moreira, da Abralog, lembrou que uma operação de e-commerce, da venda até chegar ao comprador, chega a exigir 20 documentos.

Ramon Alcaraz reagiu com um “isso é bizarro”, numa referência ao fato de se ter de conviver com tanto papel num momento de avanço estonteante da tecnologia. Alcaraz reforçou o papel do setor privado. “Por mais que tenhamos bons governantes, bons ministros, não há orçamento público disponível. As melhores iniciativas intermodais no Brasil são da iniciativa privada. Se não incentivarmos as empresas, vamos continuar ‘enxugando gelo’ em qualquer discussão sobre infraestrutura e aperfeiçoamento das operações logísticas”.

E completou: “É sempre assim, anda quando começamos a empurrar. Vejam os caminhões elétricos. A Ambev deve ter frota de 1.600 veículos para distribuição urbana em dois ou 3 anos”. Anália Bandeira concordou: “Tem de empurrar”. Uma ação que o próprio ministro Tarcísio explicou na abertura do evento: governos são movidos a pressão. Ou seja: tem de empurrar.

A questão dos novos combustíveis, as chamadas fontes alternativas, também mereceram comentários. Quando se falava na emissão de poluentes, Ramon Alcaraz, da  JSL, lembrou: fosse maior a produtividade e precisaríamos de 35% dos caminhões existentes hoje. “De qualquer forma, precisamos de combustíveis alternativos”, ponderou.

Para Marlos Tavares, CEO da G2L, os combustíveis alternativos vão conviver entre si. Já para Ricardo Ramos, do Carrefour, “esta é uma batalha que tem várias frentes. É uma agenda de engajamento”. Como a percepção entre os debatedores era de otimismo, Tavares, da G2L, pontuou com uma frase do ex-presidente da Fiesp, Horácio Lafer Piva: “O Brasil está condenado a dar certo”.

Presidentes da ABTRA e ABTP defendem ajustes no processo de desestatização do Porto de Santos

A desestatização do Porto de Santos é necessária, mas o modelo previsto precisa ser aperfeiçoado para evitar conflitos de interesse e insegurança jurídica. Isso é o que defende Angelino Caputo, diretor-executivo da Associação Brasileira de Terminais e Recintos Alfandegados (ABTRA), e Jesualdo Silva, diretor presidente da Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP). Eles participaram da Conferência Nacional de Logística (CNL), na tarde desta quinta (17), e discutiram pontos importantes que precisam de ajustes no processo, que está em fase de audiência pública.

“Os benefícios da desestatização superam em muito os riscos, mas precisamos de atenção com questões como limites da atuação do privado. É muito importante que haja uma blindagem para que arrendatários ou TUPs, que já atuam no complexo, não venham assumir a administração portuária. Mesmo que o edital já preveja uma limitação disso, vamos propor um ajuste para evitar que isso aconteça e provoque conflitos de interesse”, explicou Caputo, que foi diretor da Codesp entre 2014 e 2015.

Para Jesualdo Silva, são vários os pontos que exigem cuidado no processo de desestatização, principalmente com o modelo escolhido: “Não é exatamente igual, mas inspirado no modelo australiano. Lá, acabaram acontecendo alguns abusos econômicos, com aumentos abusivos de taxas e outorgas. Aqui, temos a ação da agência reguladora para mitigar riscos como este, mas é preciso ficar atento e evitar esse risco já no edital para evitar aumentos irreais de tarifas e no custo da operação”.

Consulta pública A ANTAQ prorrogou para o dia 23 de março o prazo limite da consulta pública para o recebimento de contribuições sobre a Audiência Pública nº 01/2022, que trata da desestatização do Porto de Santos, em São Paulo. As minutas jurídicas e os documentos técnicos estão disponíveis no menu “Participação Social”, no portal da agência. As contribuições poderão ser dirigidas à ANTAQ até às 23h59 do mesmo dia, exclusivamente por meio e na forma do formulário eletrônico disponível no site.

Reflexos da pandemia e guerra na Ucrânia vão impulsionar as estratégias nearshoring e onshoring

A pandemia da Covid-19 e a guerra na Ucrânia estão promovendo uma reconfiguração no comércio global, impulsionando as estratégias de nearshoring e onshoring, avaliou Paulo Resende, coordenador do Núcleo de Infraestrutura, Supply Chain e Logística da Fundação Dom Cabral, durante palestra na Conferência Nacional de Logística (CNL). “Há uma pressão sobre os operadores logísticos globais em aumentar a participação doméstica nos países de origem, reduzindo ou até eliminando fontes de renda de alto risco em outros países”, explicou.

O especialista reforça que a pandemia mudou a equação do custo/benefício e puniu aquelas empresas que tinham cadeias longas de suprimentos, como, por exemplo, entre China e EUA. “Há um movimento para atrair fornecedores para o México, neste caso, para diminuir os riscos. O fator decisivo para a logística é, portanto, geopolítica, e os players terão que tomar um posicionamento sobre o que é mais importante no atual cenário: ativos próprios ou inteligência logística?”, afirmou.

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