terça-feira, 23/04/2024

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Presidente da Abralog diz que multimodalidade trocará custo Brasil por lucro

A palestra “Panorama da logística no Brasil”, proferida pelo presidente da Abralog, Pedro Moreira, nesta terça-feira, 21.9.2021, foi, pela abrangência, uma prévia do que empresas e profissionais da área devem enfrentar nos próximos anos. Tudo, claro, em velocidade estonteante, pois esta é a marca da transformação digital que a pandemia criou. A apresentação abriu o webinar Logística Brasil, de três dias, uma realização da Sênior, associada da Abralog.

Entre os pontos enumerados por Moreira estão a ESG, sigla em inglês de Environmental, Social and Governance (Ambiental, Social e Governança), com forte presença no dia a dia das pessoas e organizações, assim como a tecnologia, da qual a logística não consegue mais viver sem, além de um e-commerce cada vez mais veloz, puxando áreas como a de condomínios logísticos, por exemplo, já que a previsão do presidente da Abralog é a de que as vendas eletrônicas cheguem perto dos 30% do total vendido pelo comercio brasileiro.
Segundo Moreira, a ESG vem forte, não vai ter mais sua necessidade respaldada por ser uma atraente ação de marketing, “mas sim porque estará no topo das agendas das organização”, fez questão de registrar.

No resumo que se segue, o presidente da Abralog deu atenção especial para alguns temas, entre eles a importância das pessoas, a necessidade de combater a ociosidade (um grande dano para o logística), o combate à burocracia de papéis (outra mal enorme), e a premência de se estar preparado para o que não se espera, como afinal foi o caso desta pandemia, afinal.

Tecnologia – Muito difícil praticar logística de alta performance sem processos bem definidos e tecnologia. Inteligência artificial, Big Data, Machine Learning, Internet das Coisas são um novo mundo de opções, que atendem e influenciam da previsão de demanda aos processos de intralogística, permeando todo o caminho da logística até o produto chegar ao seu destino. Ficou mais fácil – e eficiente – desvendar cenários ocultos por meio de análises descritivas, preditivas e inclusive prescritivas, como salientou.

As pessoas importam – A gestão de talentos vai ganhar mais espaço entre as atividades das empresas. Moreira disse que o mundo digital despertou para algumas competências essenciais, como as necessidades de as pessoas apresentarem: resiliência, adaptação, dinamismo, proatividade, relacionamento e conhecimento sobre tecnologia e suas tendências, além de destreza digital.

E-commerce – O e-commerce em 2020 dobrou de tamanho, chegando a representar 9% do comércio do País. Com isso, antecipou crescimento esperado em 3 anos. Agora, a previsão é de que atinja o patamar entre 20 e 25% do mercado brasileiro, antes da metade desta década. O boom do e-commerce gerou grandes oportunidades de negócio no transporte, armazenagem, distribuição e na last mile. O comércio eletrônico, por outro lado, projetou ainda mais a importância das startups, fonte extraordinária de soluções e inovações.

As startups, disse Pedro Moreira, representam também case de sucesso em termos de quantidade e valorização – “das 300 startups que se estima atuem na logística brasileira, mais da metade foi fundada há cinco anos”, revelou. Por isso, nesse setor, as aquisições estão em ebulição, principalmente devido ao apetite de grandes varejistas, como Via Varejo, B2W, Magazine Luiza e Mercado Livre. Segundo o presidente da Abralog, calcula-se que essas marcas tenham feito 50% das aquisições.

Real Estate – Foi outro mercado catapultado pelo comércio eletrônico. Em 2020, o crescimento do inventário do segmento cresceu 10% (16,8 milhões de metros quadrados, ante 15,2 milhões de metros quadrados, em 2019). A vacância, indicador relevante, recuou para 13% – em algumas regiões está próxima de zero, caso de Guarulhos e Extrema (na divisa de MG com SP). A expansão do e-commerce em termos nacionais repercutiu no crescimento da atividade também em outros Estados.

Digitalização da cadeia de suprimentos – Apesar de as empresas sempre considerarem a digitalização uma prioridade importante, antes da pandemia sul cronograma era brando. Com a Covid, a única saía foi entrar de cabeça na digitalização, para melhorar a conexão entre empresa, fornecedores e clientes. O que iria acontecer em três anos, já aconteceu, está no ar. Não é mais uma questão de querer. É pré-requisito.

Um exemplo disso, é a ferramenta conhecida como Torre de Controle 4.0, que ‘enxerga’e promove a gestão eficaz das atividades logísticas. Com a visibilidade em tempo real das operações, é possível tomar decisões instantâneas, corrigir para minimizar perdas, eliminar ociosidade, enfim, melhorar custos e a eficácia em toda a cadeia. Além disso, vem aí a tecnologia 5G, que projeta um patamar jamais visto de soluções para as cadeias de suprimentos e logísticas.

A ociosidade – A ociosidade, presente nas várias cadeias produtivas, é um dos grandes males atuais: “A logística também é a arte de reduzir ociosidades”, apontou Moreira. Quem consegue reduzí-las, torna-se mais competitivo, afirmou. Citou como exemplos veículos circulando com baixa capacidade de utilização (as empresas precisam trabalhar de forma colaborativa, com a utilização de circuitos combinados). Falou ainda de se otimizar a armazenagem, e de dar muita atenção às embalagens, que devem ter o que chamou de “visão logística de ocupação de espaços, tanto na carroceria, como nos paletes e até nas gôndolas dos supermercados”.

“A colaboração entre as empresas e profissionais é um dos marcos da pandemia. O receio de colaborar parece estar ficando para trás. Há mais receptividade no compartilhar conhecimento, nas boas práticas e soluções, para que todos possam ganhar”, registrou.

O olhar para os cenários – A pandemia escancarou o que se conhecia apenas de forma velada: poucas empresas adotam técnicas e ferramentas para análise de cenários, tomada de decisões e gerenciamento de incertezas. O que se vê, de forma geral, é gestão de curto prazo, sem planos de contingência, provisões financeiras, etc.

Quem se deu bem – Empresas que se saíram bem na pandemia foram as que conseguiram rápida adaptação ao cenário e sua dinâmica; estas, tinham certa base tecnológica, sólido relacionamento com clientes e processos operacionais, logísticos, administrativos mapeados e com definição clara de ações.
Mais do que nunca deve-se dar atenção à governança corporativa, gestão administrativa que tenha visão de longo prazo, gestão financeira sólida

Consolidação do setor de transportes – Para Pedro Moreira, continuará ocorrendo o processo de consolidação do setor de transporte e operadores logísticos. Essas aquisições ocorrem para ganhar escala, faturamento, ter crescimento geográfico de atuação e também para abocanhar novos mercados.
É o caso de movimentos de compra de empresas de e-commerce, como startups de entrega da última milha. A aquisição melhorou o portfólio de serviços.

ESG não é apenas marketing – O presidente da Abralog deu especial atenção ao ESG, sigla em inglês de Environmental, Social and Governance (Ambiental, Social e Governaça). Vista, anos atrás, como instrumento de marketing e comunicação, a sustentabilidade agora passa a ser prioridade no topo da agenda das organizações. Segundo Pedro Moreira, o Fórum Econômico Mundial estima que mais da metade do PIB mundial, ou US$ 44 trilhões, tem dependência da natureza, ou serviços dela advindos. Empresas voltadas à ESG, segundo ele, têm maior facilidade de captação de investimentos e de alavancagem. “ESG, no entanto, depende da vontade e empenho da alta direção das empresas”, ressaltou.

Para o presidente da Abralog, na esteira da ESG vem a economia circular, ou como disse, a visão contínua e cíclica de produção e distribuição. “Os recursos deixam de ser somente explorados e descartados, passando a ser reaproveitados em um novo ciclo. É o chamado fazer mais com menos – reduz custo, materiais, tempo e emissões, além de melhorar a qualidade de vida”. Exemplo citado: Brasil perde R$ 8 bilhões por ano ao deixar de processar o resíduo reciclável, de acordo com o Ipea, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.

Infraestrutura – Na opinião de Pedro Moreira, infraestrutura não pode ser tratada como plano de governo, mas, sim, como plano de Estado. Elogiou a atuação do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, que está colocando de pé o plano de criar a infraestrutura brasileira, por meio de leilões de concessão e atração de investimentos. Moreira a defendeu a multimodalidade, “pois ela transforma o Custo Brasil em Lucro Brasil”. Para ele, é preciso haver a sincronia entre os modais, que passaria a existir com a criação de plataformas logísticas executando a conexão entre os modos de transporte.

Redução da burocracia – Foi enfático quanto a redução da emissão de documentos. “Durante uma única operação de e-commerce até 16 documentos são gerados. É preciso simplificar a vida dos consumidores, embaixadores e transportadores”.

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