Em entrevista concedida ao portal Abralog, a presidente da Infraero, Martha Seillier, comenta a importância da atuação da empresa para o desenvolvimento de políticas públicas voltadas para o setor aeroportuário, e sua nova fase que contará com uma estrutura mais enxuta focada na prestação de serviços estratégicos. A seguir, confira detalhes desta entrevista que também traz de expectativas do setor aéreo e importância da parceria com a Abralog.
Qual será o papel da Infraero neste novo governo?
A Infraero é hoje a maior operadora de aeroportos no país, tanto em número de aeroportos administrados e passageiros. Assim, a empresa constitui um importante braço do Governo Federal para o desenvolvimento de políticas públicas voltadas para o setor aeroportuário.
Com a estratégia do Governo Federal de fortalecer o processo de concessões dos aeroportos da rede Infraero à iniciativa privada, a empresa passa por um processo de reestruturação. A gestão dos aeroportos deixa de ser o único foco, e a prestação de serviços estratégicos passa a ser o eixo norteador de uma nova Infraero.
Mais enxuta e eficiente, a empresa poderá oferecer serviços de consultoria, engenharia e gestão tanto para operadores privados, como para governos estaduais e municipais que administram aeroportos regionais. Essa é uma transformação que só é possível graças à reconhecida expertise que a empresa adquiriu no setor, ao longo de mais de 45 anos de existência.
Qual a contribuição da Infraero para o País?
Atualmente, ao administrar uma malha de mais de 50 aeroportos em todas as regiões, a Infraero é modelo na gestão e desenvolvimento de aeroportos de todos os tamanhos e perfis, inclusive ao atuar enquanto agente de integração nacional. Nesse sentido, destaque também para as 60 EPTAs (Estação Prestadora de Serviços de Telecomunicações e de Tráfego Aéreo) geridas pela Infraero, e que tem um papel fundamental no apoio à navegação aérea, garantindo fluxo de informações e telecomunicações aeronáuticas.
Com um novo escopo de atuação sendo desenvolvido, a empresa continuará tendo como um de seus pilares, a ampliação da conectividade da malha aérea, para passageiros e carga, e a prestação de serviços com qualidade e segurança, referência para todo o setor.
Quais os principais problemas do setor aéreo hoje?
Hoje, um dos maiores desafios para o setor aéreo brasileiro, é a penetração da malha aérea, principalmente por meio dos aeroportos de menor porte. Nesse sentido é importante a adoção de políticas que estimulem voos regionais e permitam adequar as infraestruturas aeroportuárias regionais. Outro ponto de atenção é a concentração do setor aéreo em poucos atores. Com a atual crise vivida pela empresa Avianca, observa-se um mercado cada vez mais concentrado em um pequeno número de empresas.
Atualmente, tramita no Congresso Nacional projetos que permitem até 100% de capital estrangeiro em companhias aéreas nacionais, constituindo um grande avanço no sentido de estimular a concorrência no setor e reduzir as barreiras à entrada nesse mercado. Com mais empresas atuando será possível ter novas rotas e redução das tarifas praticadas aos passageiros.
Pensando num horizonte de 5 anos, o que está reservado para o setor aéreo?
Com a retomada do crescimento econômico as perspectivas para o setor aéreo são as melhores. As concessões de aeroportos garantem importantes ampliações das infraestruturas e investimentos na modernização do setor. Os investimentos em curso na Infraero se somam aos investimentos privados em importantes cidades do país no sentido de garantir operações seguras e com conforto aos passageiros. Mudanças na legislação também devem alavancar o surgimento e a vinda de novas companhias áreas, inclusive as Low-Cost que já operam em outros países.
Os estados brasileiros também têm feito esforços no sentido de reduzir os custos das operações, notadamente com a redução do ICMS sobre o combustível da aviação e isso tem gerado resultados importantes na retomada do crescimento do setor e na diversificação de rotas tanto dentro quanto fora do país.
Como vê o futuro da infraestrutura? Agora vai?
O setor tem grande potencial para crescimento, ainda mais em um país com as dimensões do Brasil. A estabilidade do ambiente político e econômico, além da segurança regulatória, são fatores favoráveis à atração de investimentos. Isso fica bastante evidente, por exemplo, quando avaliamos o resultado dos leilões mais recentes de ferrovias, portos e aeroportos, cuja arrecadação somada ultrapassou R$ 5 bilhões. Esse grande “apetite” de operadores estrangeiros deve refletir mais desenvolvimento no setor como um todo.
Vamos, afinal, ter a sonhada multimodalidade?
É o que desejamos. Sabemos que há espaço para todos e a matriz de transporte brasileira precisa de mais equilíbrio e integração para termos mais competitividade diante do mundo.
Por que a empresa se associou à Abralog?
Sabemos que a logística é um importante pilar de desenvolvimento de um país. Queremos fazer parte desse movimento, discutindo e nos posicionando estrategicamente junto com todo o setor de logística, e encontramos junto à Abralog todas as condições para esse diálogo com avanços.