sábado, 20/04/2024

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Quem está por trás da Oxxo, rede de mercadinhos que se tornou onipresente em São Paulo

Lucas Agrela

Quem mora em São Paulo começou, em plena pandemia, a se deparar com uma rede de mercados antes desconhecida. As unidades Oxxo ganharam as ruas da capital paulista e de outras cidades com mais velocidade a partir de 2021. Fundada no México há 40 anos, a companhia chegou ao País por meio do Grupo Nós, operação conjunta entre a mexicana Femsa e a brasileira do ramo de energia Raízen, que utiliza a marca Shell em postos de combustíveis no Brasil.

O Oxxo planeja abrir 200 lojas no Brasil em 2022, um ano marcado por dificuldades de varejistas em manter a rentabilidade diante da alta nos custos de transporte de alimentos e a redução do poder de compra do brasileiro por causa da alta da inflação.

Diferentemente do modelo de negócios adotado no México, o Oxxo adicionou às suas unidades no País a venda de pães, frutas e vegetais, assim como tabaco e itens de higiene e limpeza. Entre México, Peru, Chile, Colômbia e Brasil, o total de lojas do Oxxo chega a nada menos do que 19 mil.

Por aqui, a rede mexicana precisa enfrentar o GPA, que tem 241 lojas físicas das marcas Minuto Extra e Minuto Pão de Açúcar, assim como o Carrefour Brasil, com suas 145 lojas Express, e o Hirota, com 109 unidades. Além disso, a companhia desafia a existência de pequenos mercados familiares de bairros.

O Oxxo vai manter o ritmo forte de expansão de unidades no Brasil. O plano da companhia é chegar a 309 mercados inaugurados no Estado de São Paulo até março de 2023. “A estratégia de expansão é sempre iniciar pelas regiões centrais, em áreas de muito movimento de pessoas, para a partir disso entrar cada vez mais nos bairros. Nosso objetivo é dar alternativas próximas para o consumidor para que ele faça melhor uso do seu tempo”, informou a empresa, por e-mail.

Para driblar os desafios de expandir o negócio durante um período marcado pela alta da inflação no Brasil, o Oxxo conta com operadores terceirizados para distribuição de itens de hortifrúti e padaria, de modo a reduzir o impacto dos custos logísticos. O tamanho reduzido dos imóveis comerciais alugados também ajuda a manter as contas em dia para que o crescimento da operação seja saudável, segundo a empresa.

Para Eduardo Yamashita, chefe de operações da consultoria Gouvêa Ecosystem, o mercado de lojas de conveniência no País é praticamente inexplorado, restrito às lojas em postos, o que pode dar uma vantagem competitiva à rede Oxxo devido à sua rápida expansão – que visa à lucratividade com vendas regionais e presença massiva. Segundo ele, as grandes empresas nacionais desse setor estão focadas no atacarejo, o que abriu uma janela de oportunidade para a ascensão durante a crise econômica.

“No cenário macroeconômico atual, a empresa aproveita bons pontos comerciais com aluguéis mais atrativos, antes ocupados apenas pelas drogarias. Antes, era impossível ter um varejo alimentar em uma esquina. No entanto, gastar dinheiro em uma economia recessiva significa ter mais dificuldade de atrair clientes. Mas, como estava na hora de fazer o investimento no País, a empresa olhou para o copo meio cheio”, diz o especialista.

Sem digital, por enquanto

Seguindo um caminho inverso ao percorrido pelas varejistas no Brasil atualmente, o Oxxo cresce sem se apoiar no comércio eletrônico. O site da empresa tem apenas a localização das lojas, algumas ofertas e uma página de cadastro para trabalhar na empresa.

Fernando Moulin, sócio da consultoria de transformação digital Sponsorb Hub, afirma que uma boa estratégia de negócios é mais importante do que a presença digital, que pode ocorrer em um segundo momento da estratégia de expansão do Oxxo no País.

“Enquanto várias lojas fecharam, eles abrem lojas e podem se aproveitar de aluguéis competitivos. No ritmo de expansão deles, esse planejamento de entrar no varejo brasileiro foi feito há anos. Assim como no mercado de capitais, é melhor comprar bons ativos na baixa, e não na alta para aumentar seu patrimônio”, afirma.

Em breve, o Oxxo vai lançar um aplicativo para expandir a presença digital. Além disso, a companhia planeja aumentar a venda de itens de mercado no iFood, hoje restrita ao centro de São Paulo. O plano de longo prazo é a consolidação como uma rede de mercados que esteja presente tanto no varejo digital quanto no físico, com integração entre as duas experiências de compras.

Fonte: Estadão

Foto: Divulgação

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