sábado, 18/05/2024

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Burocracia, ociosidade e falta de agenda atrapalham logística

A live da 55ª edição da Aspen (Assembléia Permanente pela Eficiência Nacional), organizada pelo Instituto Besc e mediada pela Abralog demonstrou que a logística brasileira ainda enfrenta entraves crônicos, como a burocracia, a ociosidade das frotas e a falta de uma agenda nacional que oriente esse cenário surreal, no qual tecnologia de ponta acaba se misturando com condutas analógicas.

Durante o evento, transmitido desde o Centro Intermodal JSL, em Itaquaquecetuba (SP), os participantes debateram o tema “Eficiência logística e multimodalidade – drivers para otimização das operações e maximização de recursos”.

O presidente da Abralog Pedro Moreira mediou o debate, que contou com a presença de Ramon Alcaraz, CEO da JSL e Vice-Presidente de Relações Institucionais da Abralog, Jaime Batista, head of Sales da Aliança Navegação, e Ricardo Ramos, head nacional de Transporte do Carrefour Brasil. A condução e apresentação do encontro coube a Jussara Ribeiro, presidente do Instituto Besc.

Para o presidente da Abralog faz falta uma Agenda de Estado para a redução da burocracia, e também voltada para a promoção de uma colaboração efetiva entre o setor público e a iniciativa privada. Falou de ociosidade e ineficiência no transporte de cargas (“Há rotas operando com apenas 50% de ocupação”, disse ao sugerir que uma abordagem colaborativa poderia resolver esses problemas de eficiência, reduzindo custos e melhorando a produtividade no transporte de cargas).

As iniciativas colaborativas defendidas por Moreira serviriam para integrar efetivamente os diferentes elos da cadeia logística, engajamento que reuniria diversos setores na formulação de políticas e práticas que possam levar a melhorias tangíveis na logística e na governança corporativa e pública.

Pedro Moreira também abordou a questão da logística e do transporte de cargas no Brasil, mencionando a ociosidade significativa na área. Ele sugeriu que uma abordagem colaborativa poderia resolver esses problemas de eficiência, reduzindo custos e melhorando a produtividade no transporte de cargas. Segundo Moreira, a discussão sobre a necessidade de iniciativas colaborativas indica uma busca por soluções que integrem mais efetivamente os diferentes elos da cadeia logística, num esforço para engajar diversos setores na formulação de políticas e práticas que possam levar a melhorias tangíveis na logística e na governança corporativa e pública.

Esses debates segundo o presidente da Abralog são fundamentais para o desenvolvimento de estratégias que possam enfrentar os desafios, especialmente em um contexto de necessidade de maior eficiência e redução de custos operacionais.

Ramon Alcaraz

Ao longo de suas falas no decorrer do encontro, o CEO Ramon Alcaraz deixou claro duas posições muito fortes, uma delas foi avanços tecnológicos versus burocracia. Para ele, apesar dos avanços tecnológicos significativos no Brasil, como por exemplo a automação no processo de declaração do Imposto de Renda, e a tecnologia empregada nas eleições, ainda existe uma grande burocracia que impede uma eficiência total. Ele menciona a incongruência de ter que emitir documentos em papel em uma era digital, o que representa um atraso incompreensível e uma barreira para a eficiência operacional. Mais do que isso: “Temos avanço tecnológico, mas ainda pensamos muito no modo analógico. Precisamos quebrar esse elo”.

Outra situação que o CEO da JSL apontou foi a ineficiência no transporte de cargas. “A estimativa é a de que 30% do transporte do Brasil seja ineficiente. Em outras palavras: se fosse mais eficiente, poderíamos tirar 30% dos caminhões das estradas. Isso é menos emissão do que qualquer outra alternativa que a gente possa adotar. Por que não fazer isso de forma colaborativa?”

Nos seus comentários finais, Ramon Alcaraz mencionou a prioridade da JSL nos próximos 24 meses: eficiência e combustíveis alternativos. “O meu sonho é ver o transporte de carga como o de passageiros ficou após o Uber, o que nada mais é do que tornar o transporte mais eficiente ou seja, termos menos veículos circulando para transportar o mesmo volume. Já quanto aos combustíveis alternativos o executivo aposta muito no gás pelo fato dele ser o jeito mais fácil e a transformação mais econômica e simples, principalmente a partir do metano, seja ele advindo do lixo ou de outras fontes”

Jaime Batista

Head of Sales da Aliança Navegação, Jaime Batista considerou a burocracia uma barreira significativa e que pode atrapalhar a eficiência dos portos brasileiros, por ser muito presente no transporte multimodal. Ele disse que, apesar dos avanços na digitalização, como o conhecimento de transporte multimodal eletrônico, ainda há uma dependência relevante de documentos em papel, especialmente nas interações com as Secretarias de Fazenda estaduais.

O executivo comentou o compromisso da Aliança Navegação alcançar carbono zero até 2040 e citou iniciativas como o uso de navios movidos a metanol e a introdução de caminhões elétricos. Por outro lado, disse que o futuro da cabotagem é de otimismo, assim como o da multimodalidade – resiliente, o setor tem crescido consistentemente, independentemente das flutuações econômicas.

Ricardo Ramos

Desafios tributários na Logística foram assuntos bastante explorados pelo head nacional de Transportes do Carrefour Ricardo Ramos. Ele disse que a variável tributária é tão crucial na logística brasileira a ponto de a menor distância entre dois pontos nem sempre ser a mais econômica, devido à complexidade tributária. Ele destaca que, sem avanços na agenda tributária, o setor continuará enfrentando dificuldades significativas

Ele aborda a importância da digitalização não apenas em termos de tecnologia, mas também como uma mudança de mentalidade, antecipando que o Carrefour já eliminou a necessidade de comprovantes de entrega em papel, pois todos os veículos são rastreados e as informações são digitalizadas, o que reduz a burocracia e acelera os processos.

Falou também do compromisso Carrefour de reduzir suas emissões de carbono em 30% nos próximos 20 anos, discutiu o desafio de implementar veículos elétricos e movidos a gás no Brasil, especialmente para longas distâncias, devido ao alto custo e à infraestrutura inadequada. Garantiu que a estratégia da empresa não se concentra apenas em negociar tarifas com transportadores, mas em buscar eficiência na distribuição.

Fotos: Divulgação Abralog

Abralog faz bem para sua logística.

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