domingo, 28/04/2024

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A importância estratégica dos seguros durante o transporte marítimo de produtos

Rodrigo Fugishima*

De acordo com o relatório “Safetys & Shipping Review 2022”, da Allianz Global Corporate & Specialty (AGCS), as medidas de segurança no transporte marítimo implantadas ao longo dos últimos anos — como a regulamentação do setor, o design e a tecnologia dos navios e a gestão de riscos das empresas — têm ajudado a mitigar incidentes e perdas de mercadorias. Não por acaso, esse desempenho positivo já pôde ser observado no ano de 2021.

Vale destacar, além dos fatores mencionados acima, que o investimento em seguros e os programas de gestão de riscos também contribuíram para mitigação dos sinistros. Conforme o estudo AGCS, realizado no ano passado, 54 embarcações foram perdidas, em comparação com 65 no ano anterior. O total de perdas se torna impressionante pelo fato de que há uma estimativa de 130.000 navios na frota global hoje, em comparação com cerca de 80.000 há 30 anos.

Apesar da redução verificada no número de sinistros em 2021, o relatório aponta que os navios de carga representaram nada menos do que metade de todos os navios perdidos no período. É um percentual bastante relevante. As causas dos acidentes marítimos provêm de diversas naturezas, mas as que mais chamam a atenção são decorrentes de problemas meteorológicos que causam colapso abordo dos navios e queda de contêineres no mar — fatores que fazem com que as mercadorias sejam danificadas, ocasionando prejuízo para as empresas.

Neste caso, fica evidente a importância da proteção securitária no transporte de cargas. O seguro é capaz de mitigar possíveis custos relacionados à perda ou avaria de mercadoria, responsabilidade civil, reparação ambiental, entre outras situações, para garantir o bom andamento do negócio. Ainda, segundo o relatório da Allianz, a indústria marítima internacional é responsável pelo transporte de cerca de 90% do comércio mundial.

Vale observar também que a crise na cadeia logística global envolve navios cada vez maiores, embora a construção destes esteja cada vez mais sofisticadas. Em poucas palavras, este fator indica que nem mesmo a tecnologia e a infraestrutura empreendidas nas embarcações têm sido suficientes para enfrentar as adversidades do mar. Portanto, os seguros e os programas de gestão de riscos de transporte são soluções feitas sob medida e preparadas para respaldar essa e outras vulnerabilidades do setor.

Infelizmente, temos pouco material disponível para uma análise mais profunda de todos os impactos gerados no transporte internacional de cargas, sem contar, ainda, o transporte por cabotagem e o transporte fluvial dentro do território brasileiro, que têm se tornado meios de transporte cada vez mais utilizados pelos embarcadores. Apesar da falta de informações para uma correta análise destes impactos, sabemos que a contratação correta de uma apólice de seguro de transporte traduz para os segurados uma proteção imprescindível para a continuidade dos negócios.

Mas quem pode contratar um seguro transporte?

Cada parte envolvida no transporte tem opções de contratação para suas próprias demandas. Para o armador, há o seguro com cobertura para o casco (corpo principal do navio), Máquinas e Equipamentos e Proteção e Indenização (P&I), que cobre prejuízos a terceiros, entre outros. Já para o agente de cargas – um intermediário na venda entre o armador e o embarcador (exportador e importador), há o seguro de Responsabilidade Civil. Por fim, para o embarcador, cabe o seguro de Transporte Internacional, com cobertura contra riscos, perdas e danos sobre mercadorias transportadas.

Neste sentido, a contratação de um programa de seguros que englobe todas as etapas de transporte exige uma cuidadosa análise de gerenciamento de risco e logística para prevenção de perdas. Os profissionais altamente qualificados vão avaliar todas as informações da operação logística da empresa, analisando e identificando as exposições de riscos, desde a origem do embarque até ao seu destino.

* Rodrigo Fugishima é superintendente de Transporte, Aeronáutico, Frota e Cascos Marítimos da MDS Brasil. 

Artigo publicado no portal Portos&Navios.

Foto: SHansche | iStock

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