sexta-feira, 26/04/2024

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Quanto mais frio, melhor

Podemos entender e avaliar os desafios da Cadeia Logística Frigorificada, através de uma análise dos principais componentes desse segmento.

MERCADO
O mercado brasileiro frigorificado tem apresentado um crescimento constante nos últimos anos, mesmo considerando o período atual, onde estamos convivendo com a pandemia da Covid19, como se pode notar:
– Crescimento do Mercado Frigorificado em 2019 -> 7,0%
Faturamento a nível Brasil da ordem de R$ 220,0 Bilhões /ano;

-Crescimento Previsto para o período de 2020 / 2022 -> 15,5%
Faturamento estimado para o período é da ordem de R$ 280,0 Bilhões (>27,2%)

O segmento que gera a maior movimentação nesse mercado é a indústria de alimentos, que tem apresentado resultados interessantes:
– Crescimento da indústria de Alimentos no ano de 2019 foi de 7,01%
–  Faturamento Total do Ano 2019 foi de R$ 12,84 Bilhões

Fonte: ABIA – Associação Brasileira das Indústrias de Alimentos

O segmento da Cadeia do Frio tem se apresentado nos últimos anos, como sendo um nicho de oportunidades sólidas de investimentos para Operadores Logísticos, Fundos de Investimentos, Private Equity e Fusões & Aquisições.
Porém, se o crescimento da oferta por este segmento vem impressionando Investidores, os desafios a serem enfrentados são ainda maiores.

ARMAZÉNS FRIGORIFICADOS (Multi Temperaturas)

Em se tratando dos investimentos em Armazéns Frigorificados, deve se considerar que o aporte necessário é muito superior aos montantes investidos em operações consideradas normais (armazenagem convencional). Isso pelo fato de que projetos em armazéns frigorificados (multi temperaturas) requererem tecnologia diferenciada, e em alguns casos os investimentos chegam a custar até 60% do valor total do Projeto.

Para que as empresas atuem nesse segmento, torna-se necessários altos investimentos em infraestrutura e equipamentos específicos, treinamento e capacitação das equipes operacionais, controle de qualidade assegurada (certificações e protocolos), para que possa atender o padrão de serviços da cadeia frio exigido pelo mercado.

        

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

No que tange ao nível de serviços na armazenagem de produtos frigorificados (temperatura controlada) tem se observado uma maior exigência dos clientes; como Grandes Redes, Hipermercados, Atacadistas e Distribuidores, em razão de um mercado mais voltado para segurança alimentar dos clientes e por conseguinte do consumidor
final.

Para tanto, empresas de operações logísticas tem definido áreas de abrangências de atuação junto aos grandes centros consumidores, para efetuarem seus investimentos em Armazéns Frigorificados, Operações com HUBs Logísticos; também através de alianças estratégicas com parceiros regionais, com objetivo de atender seus clientes com a qualidade necessária exigida e custos logísticos compatíveis.

TRANSPORTE FRIGORIFICADO

No Brasil a frota de veículos frigorificados, dentro dos padrões de qualidade assegurada, ainda é insuficiente para atender a demanda crescente desse mercado, como observa-se:

– Frota atual de caminhões no Brasil -> 2,030 Milhões de veículos
– Frota atual de veículos frigorificados -> 65, 100 Mil (3,2% do Total Brasil)*

(*) São considerados veículos frigorificados, aqueles que são equipados com Baú Frigorifico, Equipamentos de Refrigeração, Controle Estático de Temperaturas (Carretas, Trucks, VUCs, Vans). Fonte: ANTT – Associação Nacional de Transportes Terrestres – 2018

Para as atividades da área de transportes e distribuição de produtos, os investimentos estão focados principalmente em veículos, que necessitam de adequações para transportarem produtos frigorificados (multi-temperaturas), como baús isotérmicos, equipamentos de refrigeração, controladores de temperatura, rastreabilidade; necessários para atender as especificações do transporte de produtos frigorificados. Outro ponto a se destacar é o tipo dos baús frigorificados, que podem ser com temperatura única, ou multi-temperaturas; o que possibilita transportes de produtos em temperatura diferentes (congelados, resfriados, climatizados ou até mesmo secos).

Os investimentos no desenvolvimento (baú + equipamento de refrigeração) para esses veículos podem chegar a  custo de até 6 vezes maior, se comparados a um baú convencional utilizado para transportes de produtos secos.

 

 

 

 

 

CONTROLE DE QUALIDADE ASSEGURADA

O controle de qualidade é um dos quesitos com maior evidências no atual momento pela qual estamos passando. Utilizando-se de procedimentos, processos e regulamentações já conhecidos como HACCP (Hazard Analytics Critical Control Process) e de normativas do SIF/MAPA (Serviço de Inspeção Federal) nas empresas e por exigências do mercado; para que possam garantir a manutenção e controle da cadeia do frio.

Parâmetros de Análises dos Processos de Qualidade
– Identificação de Riscos -> Medidas preventivas e/ou corretivas;
– Determinar severidade do risco -> impactos na cadeia de abastecimento;
– Limites Críticos -> Monitoramento, controle dos processos -> como mitigar possíveis riscos;
– Controle & Gestão -> Manutenção dos registros, informações importantes e controles na cadeia de abastecimento;
– Processos e Procedimentos -> Verificação e análises periódicas das atividades operacionais;

É importante salientar que, esses controles devem considerar todo o “fluxo operacional”,
como -> Recebimento, Armazenagem, Movimentação (picking/packing), Expedição
(carga/descarga) e Transportes (distribuição física).

PLANEJAMENTO E GESTÃO DA CADEIA DE ABASTECIMENTO

Tomando por base todos os pontos acima especificados, torna-se necessário que as
Empresas desenvolvam um Planejamento Estratégico bem elaborado, considerando
pontos importantes, tais como:

– Nível de Investimentos X Pay Back (ROI) do projeto;
– Área de Localização e Abrangência -> distribuição ao mercado;
– Mercado a serem atendidos (produtores, fornecedores, grandes redes, clientes);
– Nível de serviços a ser oferecidos ao Mercado/Clientes;
– Controle e gestão das operações frigorificadas (muti temperaturas);
– Normas, Protocolos, Certificações e Regulações da Cadeia do Frio;
– Logística 4.0 na Cadeia do Frio -> Tecnologia Sistêmica;
–  Treinamento e Capacitação das equipes operacionais (Segurança, Riscos, EPIs);

Em resumo, a cadeia de abastecimento de produtos com temperatura controlada, deve estar preparada para suportar possíveis sazonalidades, para atender de forma eficiente a demanda do mercado.

Se considerarmos o momento atual pela qual passamos – o efeito Covid19 – o segmento frigorificado embora afetado, ainda assim se destacou perante os demais segmentos, por ser um elo importante na cadeia de abastecimento do varejo, principalmente no que tange a alimentação.

Dessa forma pode-se assegurar todo o fluxo da cadeia do frio, com a garantia e a confiabilidade de que o abastecimento seja efetuado com o melhor padrão de qualidade para consumo final.

Por Ozoni Argenton Junior: Diretor Executivo | OAJ Consult – Consultoria e Assessoria Empresarial e Coordenador do Comitê da Cadeia do Frio na ABRALOG – Associação Brasileira de Logística

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