O Jornal Sindipesa fez ampla entrevista com Nicole Goulart, Diretora-executiva Nacional do Sest Senat, para mostrar o trabalho realizado pela instituição na crise do Covid 19. “Desde que a pandemia virou do avesso o mundo, as instituições do transporte têm trabalhado incansavelmente para garantir o abastecimento do País, ao mesmo tempo em que faz de tudo para preservar a saúde de seus trabalhadores, e o Sest Senat é um excelente exemplo disso”, escreveu a jornalista Karen Feldman Cohen, editora da publicação. Eis a entrevista:
Como o SEST SENAT está articulando a campanha de apoio aos caminhoneiros? Qual é a expectativa com essa ação?
Em tempos de crise como a que vivemos, é importante cada um fazer a sua parte. Para que hospitais sejam abastecidos para cuidar dos doentes, para que os alimentos e os remédios estejam disponíveis durante o período de isolamento social, verdadeiros heróis continuam trabalhando. O Sest Senat realiza desde o dia 27 de março uma ação nacional de apoio aos trabalhadores do transporte que têm enfrentado dificuldades em razão das restrições impostas ao funcionamento de estabelecimentos comerciais em todo o Brasil. Em mais de 600 pontos, nossas equipes distribuem kits de higiene e de alimentação, além de passar orientações sobre higiene pessoal e dos veículos, e medir a temperatura corporal dos caminhoneiros. Nas três primeiras semanas foram atendidos mais de 220 mil trabalhadores do transporte. Nessa ação contamos com parcerias do Ministério da Infraestrutura, Polícia Rodoviária Federal, as concessionárias de rodovias, entre outras.
Como o sistema enxerga essa crise? Como se vê quando tudo passar?
É um momento diferente de tudo que qualquer pessoa, empresa e país já viveram. A crise de saúde mudou as relações e nos colocou em alerta. Ao mesmo tempo, tem permitido grandes aprendizados, sejam eles relacionados às mudanças nas formas de trabalho, ou de postura enquanto instituição. É como dizem, nas crises nascem oportunidades.
Para exemplificar, cito a iniciativa do Sest Senat de adiantar o lançamento dos serviços de psicologia e nutrição online. Esse era um projeto já previsto no nosso planejamento de 2020, mas diante da situação imposta, ele foi antecipado.
O Sest Senat atende à necessidade dos trabalhadores do transporte de todos os segmentos, que, por atuarem em serviços essenciais para o Brasil, estão constantemente em deslocamento e não podem adotar o distanciamento social. Muitos deles estão apreensivos pelo problema de saúde, por deixarem as famílias, pelas dificuldades que têm encontrado nas estradas. Além disso, sabemos que uma boa alimentação pode garantir um estado de saúde mais equilibrado.
Para profissionais do transporte e seus dependentes, os atendimentos são gratuitos. O novo serviço segue as diretrizes dos Conselhos Federais de Psicologia e de Nutrição. Para saber como ter acesso a esses serviços, basta entrar no nosso site: www.sestsenat.org.br.
Existe algum plano para o pós-crise? As metas e direcionamentos do ano se mantêm ou terão mudanças por conta da pandemia?
Neste momento, é difícil fazer qualquer projeção. O Sest Senat avalia o cenário sob a perspectiva das próprias empresas e trabalhadores para construir um plano para o pós-crise. Todas as mudanças estão acontecendo em uma velocidade muito rápida e qualquer plano que seja elaborado agora precisará de revisão permanente.
Além disso, o Sest Senat também foi pego de surpresa pela MP 932/2020 que corta, por três meses, 50% os recursos recebidos. Isso nos obriga a repensar projetos. Além desse corte de recursos, devido ao desaquecimento da economia brasileira, gerado pela pandemia do novo coronavírus, o Sest Senat já trabalha com redução da arrecadação que incide sobre a folha de pagamento das empresas do transporte, amplamente prejudicadas nesse período.
Apesar disso, o Sest Senat tem trabalhado para continuar atendendo as necessidades das empresas do setor de transporte neste momento em que elas mais precisam, por isso foram lançados serviços como os atendimentos de saúde online, nas especialidades de psicologia e nutrição e trilhas de aprendizagem em educação a distância. O que é fundamental destacar é que com o corte de recursos, as empresas poderão deixar de ter acesso a serviços de assistência à saúde e capacitação de seus empregados, onerando ainda mais os próprios caixas.
